Publico aqui no nosso blog o texto publicado este mês no "Jornal Livre", no qual estarei com uma coluna nova a cada mês, abordando questões referentes a tudo aquilo que é humano e que nos alenta ou inquieta. A coluna deste mês foi referente ao Dia dos Namorados, espero que vocês curtam!
Beijo imenso
Taya
Para onde foram as cartas de amor?
Ao ler este título você pode pensar: “quais cartas?”, ou: “não sei para onde foram, e tampouco me interessa”, ou ainda, sarcasticamente, lembrar-se do poeta e convencer-se de que, quaisquer sejam as cartas a que me refiro, podem ter ido a qualquer lugar, pois todas as cartas de amor são ridículas mesmo...
Pois bem, vivo neste século, e, como muitos leitores, sou assídua usuária de computadores, internet, msn, youtube, powerpoint, blogs e tudo o mais, e sei que as pessoas estão em contato diariamente, mas me peguei sentindo falta das cartas de amor. Refiro-me às reais, claro, e sinto que devo ser bem clara ao especificar que, para mim, as reais cartas de amor não são, necessariamente, escritas com letras trêmulas num papel rosa, ou aquelas que, por falta de correção automática evidenciam erros ortográficos e terminam com um coração desenhado, o que faz falta não é a escrita à mão, é o sentimento nas linhas.
Às vésperas do Dia dos namorados pense por um momento: você fez algo hoje capaz de comunicar seu sentimento a quem você ama?
Hum... Ontem, talvez?
Ok, na semana passada???
E-mail repassado não conta, pense mais um pouco...
Não, o “eu te amo” automático antes de desligar o telefone também não vale... É, é possível que a coisa ande morna e por isso eu pensei nas cartas, que têm uma grande “sacada” em matéria de comunicação, quando você se dispõe a escrever uma carta a alguém, você primeiro está comunicando a si mesmo o que você pensa, ou sente. Você olha aquele papel, ou a tela em branco, e sabe que quer dizer algo. Leva um tempo, escolhe as palavras, lembra de momentos, sorri sozinho, pega uma taça de vinho, talvez derrube uma lágrima ou outra, volta, lê novamente para ver se foi claro, e, se parasse neste momento para se perceber, veria que o sentimento já está diferente dentro de você, agora fez contato consigo, e está pronto para fazê-lo com o outro. Vejamos então pelo lado de quem recebe a carta, a pessoa conhece você e pode até fazer uma idéia do seu apreço, ou de qualquer outro sentimento que você possa ter, mas quando ela lê é como se pudesse ver dentro de você, saber exatamente o que se passa, entender seu coração, seu ponto de vista, ter certeza de algumas coisas, surpreender-se com outras tantas... Claro que você sabe do que estou falando, com certeza também já recebeu cartas, mesmo que em tempos remotos.
Queria então, fazer uma proposta para este dia, para este mês dos apaixonados: Faça CONTATO com todos os que você ama, (seu namorado(a), ou mesmo aquele que você gostaria que fosse, seus amigos, seus parentes, você mesmo), olhe nos olhos, transmita seu sentimento, escreva um e-mail, faça um desenho, fale do que você sente, revivifique as suas cartas, abra a caixa, releia os cartões de aniversário, coloque um cabeçalho nos e-mails que você repassa dando o seu toque especial, enfim, permita-se até agir a moda antiga, sente em frente ao papel, escreva à caneta, risque os erros, desenhe corações, deixe a lágrima borrar a escrita e isto, com certeza, fará de qualquer presente muito mais valioso.
Taya Medeiros é psicóloga (CRP 06/90460), trabalha com psicoterapia de com jovens e adultos, coordena o Grupo de apoio a Mulheres no Centro de Estudos Luz Divina, além de desenvolver trabalhos de integração do feminino através da Dança do ventre e grupos de leitura e reflexão.
Contato: (11) 7158-4755 ou
tayamedeiros@uol.com.br